Como reagir a essa pandemia de forma inteligente e segura

A icterícia do neonato é um fenômeno comum entre os bebês recém nascidos, porem ele é transitório, principalmente nos bebês que nascem antes da 38ª semana de gravidez. 

Cerca de 50% dos bebês a termo e 80% dos bebês prematuros desenvolvem icterícia.

A icterícia neonatal ou icterícia do recém-nascido é um quadro clínico que provoca coloração amarelada na pele e nos olhos de um bebê, normalmente recém-nascido.

 A Icterícia infantil ocorre porque o sangue do bebê contém excesso de bilirrubina, conhecida por hiperbilirrubinemia, um pigmento de cor amarela derivado dos glóbulos vermelhos do sangue.


 Em grande parte dos bebês, a hiperbilirrubinemia é um fenômeno normal e transitório.

No entanto, em alguns casos, os níveis sanguíneos de bilirrubina podem elevar-se excessivamente, alcançando níveis que chegam a ser tóxicos para o sistema nervoso central do bebê.

O que acontece no organismo do bebê quando ele desenvolve icterícia

Todos os dias milhões de células vermelhas, as hemácias,são produzidas na medula óssea e outras milhões são destruídas no baço. 

O processo de destruição libera a bilirrubina, que é captada e metabolizada pelo fígado e, em seguida, eliminada pelas fezes ou urina.

Como a capacidade de metabolização e eliminação ainda é limitada nos recém-nascidos, ocorre a concentração desse pigmento na corrente sanguínea.


Os médicos afirmam que a icterícia normalmente é fisiológica, ou seja, um processo comum e normal do organismo, e regride espontaneamente. 

Alguns fatores, entretanto, podem agravá-la.

 O mais comum é a incompatibilidade de sangue entre a mãe e o bebê, tanto do grupo ABO como Rh”, isso significa que, a mãe apresentando Rh- e o filho Rh+, por exemplo, pode ocorrer maior e mais rápida destruição das células vermelhas do que a capacidade hepática do bebê de processamento da bilirrubina.


 Outros fatores menos comuns, segundo o pediatra, são infecções materno-fetais e doenças congênitas que levam à hemólise (destruição das hemácias e anemia).

 Entre elas a deficiência de G6PD, esferocitose e falciforme.

Estas doenças normalmente são detectadas no teste do pezinho. 

A icterícia neonatal ocorre habitualmente por elevação da bilirrubina indireta, devido aos seguintes motivos:

1. As hemácias dos recém-nascidos apresentam uma vida média mais curta que as dos adultos. 

Enquanto uma hemácia adulta vive, em média, 120 dias, as hemácias dos bebês duram cerca de 80 dias apenas.

2. Os bebês têm proporcionalmente mais hemácias no sangue que os adultos.

 Enquanto 40% do sangue do adulto é composto por glóbulos vermelhos, nos recém-nascidos essa taxa chega a ser de 60%.

3. O fígado do recém-nascido é imaturo e sua capacidade de conjugação e excreção de bilirrubina é limitada.

Portanto, a produção de bilirrubina nos bebês é bem maior que nos adultos e sua capacidade de metabolização e eliminação é bem menor.

 O resultado disso é uma hiperbilirrubinemia indireta (acúmulo de bilirrubina indireta no sangue) com consequente deposição de pigmentos amarelados na pele.

Icterícia neonatal Quais os Sintomas 

Nem sempre todos os bebês com icterícia neonatal desenvolvem hiperbilirrubinemia suficiente para que a pele fique claramente amarelada.

Quando houver dúvida, uma manobra simples é utilizar o dedo indicador para pressionar a testa ou o nariz do bebê, de forma a retirar o sangue dessa região.

 Nos bebês não ictéricos, a região pressionada torna-se temporariamente branca, enquanto nos bebês com hiperbilirrubinemia a pele fica amarelada.

Esse teste deve ser feito em local bem iluminado, de preferência sob a luz do dia.


Outro local fácil de notar a icterícia é na esclera do olhos, a parte branca dos olhos, que se torna nitidamente amarelada. 

De forma geral, os olhos ficam amarelados quando os níveis séricos de bilirrubina estão entre 2 a 3 mg/dl.

 A face torna-se amarela com valores entre 4 e 5 mg/dl, o tronco por volta de 10 mg/dl e corpo inteiro com mais de 15 mg/dl.


Icterícia neonatal o tratamento mais indicado para bebês recém nascidos

A fototerapia é o tratamento mais utilizado para baixar os níveis de bilirrubina. 

O recém-nascido é colocado sob uma luz azul fluorescente, que age quebrando a molécula de bilirrubina depositada na pele em pedaços, facilitando a sua excreção na urina e nas fezes. 


A fototerapia é um procedimento muito seguro e usado há mais de 30 anos. 

Em geral, é o único tratamento necessário para baixar os níveis sanguíneos de bilirrubina.

Icterícia neonatal Como Diagnóstico ?

O diagnóstico da icterícia pode ser feito pelo exame físico, pela mensuração da bilirrubina transcutânea e pela mensuração da bilirrubina sérica.

No exame físico, a icterícia pode ser visualmente detectada por meio da digitopressão da pele do bebê, sendo que a alteração passa a ser percebida com níveis de bilirrubina maiores que 4-8mg/dL.

 No entanto, impressão visual não apresenta relação direta com o nível sérico de bilirrubina.

A mensuração da bilirrubina transcutânea é uma maneira não invasiva de estimar os níveis séricos de bilirrubina através do bilirrubinômetro e deve ser feita na face e no esterno do bebê. 

Esse método ainda é considerado uma ferramenta de triagem, a partir do qual se define quais bebês terão seus níveis séricos de bilirrubina dosados.

 É considerado um procedimento importante, pois, por meio dele, diminui-se o número de bebês puncionados.


Já a mensuração da bilirrubina sérica é feita para confirmar o aumento dos níveis de bilirrubina evidenciados através do exame percutâneo ou da avaliação clínica. 

A hiperbilirrubinemia pode ser classificada como indireta, quando apresenta níveis de bilirrubina indireta maior que 1,5 mg/dl, ou direta, quando há valores da bilirrubina direta maior que 1,5 mg/dl, sendo que ela deve representar mais que 10% do valor da bilirrubina total.


Em um segundo momento, em alguns bebês, é necessário fazer um diagnóstico etiológico, para um diagnóstico da causa da icterícia.

Há riscos quando não tratada a icterícia nos recém nascidos?

Sim, quando não tratada, a icterícia em caso severo pode levar a deficiência auditiva, além da intoxicação e lesão de vários órgãos, principalmente do cérebro.

 Infelizmente, também não existe meios para prevenir a icterícia, somente cuidados e controles nos fatores de agravo.

A Icterícia pode estar ligada ao leite materno?

Não sabemos bem o motivo, mas alguns neonatos apresentam icterícia relacionada com a amamentação. 

A causa parece estar nas características químicas do leite de determinadas mães.

 A icterícia do leite materno pode ser a causa para uma icterícia neonatal prolongada, uma vez que ela pode durar por até 3 meses.

Se o recém-nascido estiver se alimentando bem e mantendo o seu desenvolvimento normal, não há motivos para se interromper o aleitamento.

 A icterícia do leite materno é benigna e não provoca maiores problemas.

Icterícia relacionada a amamentação insuficiente

Essa forma de icterícia neonatal costuma surgir quando o bebê não está sendo amamentado de forma correta ou em quantidades adequadas e acaba recebendo um aporte de calorias abaixo das suas necessidades. 

Ao contrário da hiperbilirrubinemia do leito materno, que ocorre sem que haja alterações no desenvolvimento ou no comportamento do bebê, a icterícia da amamentação deficiente costuma vir acompanhada de um bebê irritado ou prostrado, que não ganha peso, urina e evacua pouco.

O que é Kernicterus?

O Kernicterus é uma complicação da icterícia neonatal que provoca lesões no cérebro do recém-nascido, quando o excesso de bilirrubina não é tratado de forma adequada.

Em níveis muito elevados, a bilirrubina é tóxica para o cérebro.

Os primeiros sinais clínicos de intoxicação pela bilirrubina incluem sonolência, diminuição do tônus muscular e recusa alimentar.

 Com o tempo, o bebê passa a ter espasmos, choro inconsolável, vômitos e fica febril. 

Se o excesso de bilirrubina não for corrigido, o neonato pode evoluir para lesão permanente do cérebro, que é chamada de Kernicterus.

 Essa complicação ocorre, em geral, quando há níveis de bilirrubina acima dos 25 mg/dl.

As principais complicações do Kernicterus podem só se tornar nítidas após o primeiro ano de vida e incluem:

- Dificuldade em sentar-se, engatinhar e, posteriormente, andar.

- Tremores e movimentos involuntários

- Alterações na audição e visão.

- Retardo do desenvolvimento neurológico.

- Alterações na arcada dentária.

- Em caso de dúvida ou sintomas, procure o médico pediatra do seu bebê.